Carioca, morador e apaixonado pelo Leblon, o professor Basílio de Bragança Pereira completou mais de meio século de dedicação profissional à Estatística.
Concluiu o ensino médio (1961), curso técnico de Estatística (1964) e Graduação em Estatística (1968) em sequência na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE). Obteve mestrado em Pesquisa Operacional (1970) na COPPE-UFRJ e Doutorado em Estatística (1976) no Imperial College de Londres, sob a orientação de Sir Professor David Cox, um dos pilares da Estatística moderna.
Iniciou na carreira docente em 1970 como Professor Assistente da Escola de Engenharia da UFRJ, onde ficou até 1974. Em seguida foi professor Assistente e depois Asjunto no Departamento de Métodos Estatísticos (DME) do Instituto de Matemática (IM) da UFRJ de 1975 até 1989. Durante esse período, colaborou com o Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da COPPE, para onde se transferiu em 1989 como Professor Titular até 1994. Foi Professor Titular da Faculdade de Medicina (FM) da UFRJ de 1998 a 2012, quando se aposentou. Desde então, trabalhou como colaborador nos três programas de pós-graduação da UFRJ aos quais esteve afiliado, ministrando disciplinas, orientando alunos de pós-graduação e colaborando em projetos científicos com colegas. Toda essa dedicação acadêmica lhe rendeu a justa nomeação como Professor Emérito da UFRJ em 2017 em pedido que teve apoio formal de IM, COPPE e FM.
Sua produção científica teve início auspicioso com a publicação de dois artigos no periódico de elite da Estatística, Biometrika. Os artigos versavam sobre testes de hipóteses em hipóteses separadas, tema de sua tese de doutorado. Desde então, publicou cerca de uma centena de artigos científicos, orientou ou co-orientou dezenas de mestres e dezenas de doutores nos programas de pós-graduação da UFRJ onde trabalhou e publicou mais de uma dezena de livros ou monografias didáticas. O seu último livro versa sobre tópicos bastante atuais ligados a Ciência de Dados e Aprendizado de Máquina e foi escrito em colaboração com o Professor C. R. Rao, de proeminência similar ao do Professor Cox no cenário internacional de Estatística.
Basilio também não se furtou a colaborar em tarefas administrativas da academia, tendo sido Chefe do DME por 2 mandatos, Chefe do Departamento de Medicina Preventiva, Coordenador do Programa de PG em Estatística por dois mandatos e coordenador da Área de Pesquisa Operacional da COPPE. Também realizou inumeras atividades editoriais em diversas assosicações internacionais de Estatística e periódicos científicos. Sempre costumava dizer que quem mais dá aulas é sempre quem mais pesquisa e quem mais assume cargos administrativos. Ele era o exemplo perfeito desse seu aforismo.
Tudo isso foi realizado pelo Basilio com total desprendimento e com uma humildade difícil de ser encontrada em acadêmicos com a sua estatura. Basilio adquiriu fama entre colegas e alunos por estar sempre antenado com referências úteis em qualquer área da Estatística. Pode não soar útil nos dias de hoje com abundância de informação e de algoritmos de busca. Mas ele fazia isso com maestria na época pré-internet!
No momento que ele resolve se dedicar com mais ênfase à sua vida pessoal, nada mais justo que prestar as devidas homenagens a esse exemplo de profissional da área acadêmica. Muito obrigado por tudo, prof. Basilio.
Texto escrito com base em reportagem da COPPE (www.coppe.ufrj.br/en/node/